Garcia de Melo –
Alcaide-mor de Castro Marim e
anadel-mor dos besteiros
Já aqui referimos - na
edição de Novembro de 2011 – a figura de António Leite, Senhor de Arenilha,
enquanto protótipo do cavaleiro português da era de quinhentos que, através da
carreira das armas e dos serviços prestados à Coroa no Algarve Dalém, viu os seus
esforços serem coroados com honras e títulos no Algarve Daquém. Outro desses
casos foi o de Garcia de Melo, alcaide-mor de Castro Marim e anadel-mor dos
besteiros. Com efeito, as conquistas portuguesas em Marrocos implicaram, desde
logo, a fixação de oficiais régios, muitas vezes pertencentes à pequena
nobreza, para desempenharem cargos de chefia militar e administrativa nas
praças lusas do Norte de África. Garcia de Melo foi um desses cavaleiros que,
bem ao espírito da época, procurou promoção social através da carreira das
armas no teatro de guerra hostil que era a presença portuguesa em Marrocos.
Sabemos que, em 1504,
liderou um vitorioso ataque a Larache (العرائش), na altura um conhecido ninho
de piratas que incansavelmente atacava as costas do Algarve. Nesse ataque
capturou cinco galeotas, dois bergantins e uma caravela, tendo incendiado uma
galé e três outras caravelas. Segundo “Garcia
de Melo em Castro Marim…”, de Luís Miguel Duarte, o fidalgo terá ajudado na
construção da fortaleza de Santa Cruz do Cabo de Gué (actual Agadir أڭادير), em
1505. Em 1508, encontramo-lo como anadel-mor dos besteiros de Arzila (أصيلة), e
no mesmo ano participou na conquista de Safim (آسفي), tendo depois sido
encarregado da defesa marítima da praça recém-conquistada. Não sabemos, ao
certo, em que ano foi investido com a alcaidaria de Castro Marim, contudo, uma
carta que foi datada de 1509 (A.N.T.T., Gaveta 20, Maço V, nº 14), apresenta-o
como alcaide-mor desta praça de guerra do Algarve, nesse mesmo ano.
Nos anos seguintes
voltamos a encontrá-lo em Marrocos: em 1513 está presente na conquista de
Azamor (أزمور), e ano seguinte socorre Safim com os seus barcos, perante a
ameaça de um cerco inimigo. Em 1515 conheceu, finalmente, o travo da derrota,
na malograda expedição portuguesa à barra de Mamora (المهدية) e, em1516
socorreu o cerco a Arzila com doze caravelas, juntamente com Rui Barreto, vedor
da fazenda do Algarve. Não sabemos quando nem onde morreu este bellator português. Porém, a sua
extraordinária vida de aventuras e de serviços prestados à Coroa, acabou por
ser coroada com a capitania da praça mais temida e importante do dispositivo
português no sul de Marrocos; a capitania de Safim, entre 1526 e 1529.
Jornal do Baixo Guadiana,
Nº155, Abril de 2013, p.21.
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