O presente mês de Dezembro de 2013 assinala
os 100 anos da Guarda Nacional Republicana em Vila Real de Santo António.
Porém, e de modo a percebermos em que conjuntura histórica e política foi
implementada esta força de segurança, façamos uma breve mas necessária
retrospectiva. Depois do golpe de Estado de 5 de Outubro de 1910, que
substituiu a Monarquia Constitucional pelo Regime Republicano, a Guarda
Municipal de Lisboa e Porto foi transformada na Guarda Republicana de Lisboa e
Porto. Curiosamente, a obstinada Guarda Municipal foi a última força monárquica
a render-se aos revolucionários republicanos. Nesse sentido, não deixa de ser
irónico o facto de se ter transformado na única força portuguesa que passou a
apresentar a designação de "Republicana".
Posteriormente, em 3 de Maio de 1911, a
Guarda Republicana de Lisboa e Porto foi transformada na Guarda Nacional
Republicana. Não obstante os necessitados avatares que que tão bem
caracterizaram os primeiros anos da República portuguesa, a implementação da GNR
no Algarve foi um processo não particularmente célere. De acordo com alguma
documentação à guarda do Arquivo Municipal de Vila Real de Santo António
(Correspondência Geral Recebida e Expedida - 1913), o processo relativo à
implementação da GNR na vila pombalina apenas teve início em meados de 1913, ou
seja; dois anos após a criação da supra citada força de segurança, e numa
altura em que os distritos de Braga, Bragança, Porto, Santarém, Castelo Branco,
Portalegre, Évora e Beja e Lisboa já contavam com postos em todas as sedes de
Concelho!
Numa
circular emitida pelo Comando Geral da GNR, em 5 de Julho de 1913, e dirigida
ao então presidente da Câmara Municipal de VRSA, o 2º comandante responsável
pelo processo solicitava à autarquia “quartel
para a secção e posto destinados a esse concelho e mobilia e utensilios”.
Neste sentido, não pudemos deixar de reparar nos “escarradores hygienicos” briosamente oferecidos pela
autarquia-vila-realense, com o “altruísmo
digno de todo o louvor” que a GNR esperava da Câmara Municipal de VRSA. No
mês de Agosto, as instalações foram visitadas pelo delegado do Comando Geral e
pelo oficial de engenharia, “afim de
procederem á inspecção do quartel destinado ao posto da Guarda Nacional
Republicana”. De acordo com uma circular de Novembro do mesmo ano, a secção
da guarda destacada para o quartel de VRSA deveria seguir no “proximo dia 2 (de Dezembro) no comboio da noute”. Razão pela qual aqui
assinalamos os 100 anos da implementação da Guarda Nacional Republicana em Vila
Real de Santo António.
Jornal do Baixo Guadiana,
Nº163, Dezembro de 2013, p.21.