1 Dezembro de 2012 e os 372 anos da
Restauração de que Independência?
A História de Portugal
está repleta de acontecimentos que passaram à posteridade em virtude do grau de
importância de que se revestem. Um desses episódios teve lugar no dia 1 de
Dezembro de 1640, pelo que o presente ano de 2012 assinala os 372 anos da
Restauração da Independência portuguesa. A também denominada “conspiración de
1640” – como diriam os nossos vizinhos espanhóis - foi planeada por um conjunto
de personalidades portuguesas, entre os quais D. Antão de Almada, D. Miguel de
Almeida, e João Pinto Ribeiro, entre outros fidalgos. Desta “conspiração”
resultou a morte do secretário de Estado, Miguel de Vasconcelos, e o
aprisionamento de Margarita de Sabóia, a duquesa que governava Portugal em nome
do seu primo, Felipe IV de Espanha. Foi então aclamado o duque de Bragança como
rei de Portugal, com o título de João IV, dando início à dinastia de Bragança,
a quarta dinastia da monarquia portuguesa. Deste modo, deu-se origem a 28 anos
de uma guerra pautada por inúmeras escaramuças nas proximidades da fronteira, e
cinco batalhas principais, todas elas ganhas pelos portugueses. Somente depois
da batalha dos Montes Claros, em 17 de Junho de 1665, é que a paz foi
estabelecida, através da assinatura do Tratado de Lisboa de 1668.
É claro que, para
Espanha, a Guerra da Independência portuguesa só foi bem-sucedida, não devido à
sagacidade e ao esforço dos portugueses, mas à sublevação da Catalunha!
Sublevação essa que o duque de Olivares pretendeu esmagar com o envio de tropas
portuguesas, como se não bastassem os impostos e os recursos humanos que
Portugal enviava para as guerras que a Espanha mantinha pela Europa, enquanto
as colónias portuguesas eram sistematicamente assaltadas sem que o governo de
Madrid se dignasse a tomar qualquer tipo de medida. Esquecem-se os nossos
vizinhos espanhóis que se Espanha combatia por esses anos em vários cenários de
guerra, também Portugal combatia em diversas frentes por esses anos da Guerra
da Restauração: combatia Espanha na frente que era a fronteira portuguesa, e
combatia a Holanda, a França e a pirataria inglesa nas frentes que
representavam o Brasil, a África e a Ásia. O esforço de guerra de Portugal
durante esse problemático século XVII foi, de facto, notável, e não pode nem
deve ser esquecido. Mais: deve servir de exemplo para lutarmos contra quem
compromete a nossa independência, delapidando o país em virtude dos interesses
estrangeiros. Resumindo, no dia 1 de Dezembro comemora-se a Restauração da
Independência portuguesa, porém, e não obstante a importância simbólica deste
dia, os nossos governantes, enquanto pessoas esclarecidíssimas, preparam-se
para suprimir este feriado, dando prevalência aos feriados religiosos
(Imagine-se! Pensávamos nós que vivíamos num Estado laico, mas afinal andámos
enganados…). E porquê erradicar exactamente os feriados representativos das
revoluções que marcaram a nossa História, como o feriado relativo à Restauração
da Independência ou à Implantação da República? Pretender-se-á evitar ambientes
propícios a uma nova e legítima revolução? Ora, lá diz o ditado: “quem não deve
não teme”…
Artigo inédito (Recusado
por vários jornais algarvios).
1 comentário:
Também eu não compreendo o motivo que levou este Governo a retirar feriados em datas importantes da soberania nacional.
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