A presença humana em
Castro Marim remonta a milhares de anos e, desde então, seu espaço foi
sistematicamente ocupado até à contemporaneidade. A sua localização geográfica,
nas proximidades da foz do Rio Guadiana, permitiu o estabelecimento de povos
oriundos do Mediterrâneo a partir do período orientalizante, ou seja; séculos
VIII e VII, a. C. Sabemos, através dos registos arqueológicos e das fontes
históricas da antiguidade, que Baesuris
(topónimo indígena citado no Itinerário de Antonino Pio para designar Castro
Marim na antiguidade) foi ocupada por fenícios, gregos, cartagineses e romanos
e que estes povos usaram o Guadiana para estabelecer contactos comerciais com
as populações autóctones.
No decurso da conquista
cristã, e através da acção de D. Paio Peres Correia e da ordem de Santiago, Castro
Marim foi conquistada aos mouros, por volta de 1242. A importância que esta
terra veio a ganhar do decorrer do séc. XIII deveu-se, essencialmente, à sua
localização estratégica enquanto fronteira política e administrativa com o
Reino de Castela e pela sua proximidade a Marrocos. Deste modo, tornou-se
imperativa a adopção de uma política de repovoamento que assegurasse a defesa
das fronteiras portuguesas. É neste sentido, que Castro Marim veio a usufruir
dos necessários privilégios concedidos por D. Afonso III, nomeadamente com a
construção do castelo em 1274, que acolheu a primeira sede da Ordem de Cristo,
em 1319, já durante o reinado de D. Dinis. No entanto, alguns anos depois, em
1356, a ordem foi transferida para Tomar, pelo que a sua população voltou a
reduzir significativamente.
Não obstante a
transladação da ordem, a importância defensiva e comercial de Castro Marim
manteve-se. É neste contexto que, em 1450, Manuel Pessanha é nomeado por D.
Afonso V para guardar e defender os portos do Algarve, inclusive o de Castro
Marim. A importância estratégica da terra ao longo do século XV e XVI foi de
tal forma que, em 1573, a vila recebeu a visita do Rei D. Sebastião quando este
já planeava a conquista de Marrocos. O papel defensivo de Castro Marim acabou
por estar sempre presente ao longo de toda a história de Portugal. Esteve
presente durante a Guerra da Restauração (1640 - 1668), durante a Guerra das
Laranjas (1801) ou mesmo durante as invasões francesas (1808). Dadas as
circunstâncias, nunca é tarde para relembrar a dívida histórica que Portugal
tem para com Castro Marim.
Jornal do Baixo Guadiana,
Nª 140, Janeiro de 2012, p.24.
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