Alcoutim – Terra com História
A presença humana no
território correspondente ao concelho de Alcoutim poderá remontar ao
Paleolítico Médio, uma vez que, recentemente, foram descobertos vestígios
arqueológicos deste período na freguesia do Pereiro. É provável que a fixação
das populações humanas se tenha dado a partir do Neolítico, como podemos
depreender pelos megálitos que se encontram espalhados um pouco por todo o concelho.
Também as necrópoles da Idade do Bronze e do Ferro apontam para a continuidade
da ocupação das comunidades humanas no território. Do período romano existem
vestígios arqueológicos que atestam a existência de comunidades organizadas,
sobretudo na zona litoral, onde se encontram os melhores terrenos agrícolas.
Neste sentido, o rio Guadiana desempenhava um papel fundamental como via de
penetração nos territórios a norte, assim como no escoamento de produtos de e
para o Mediterrâneo. Também a presença visigoda está atestada em Alcoutim. O
sítio arqueológico junto à localidade ribeirinha do Montinho das Laranjeiras, a
cerca de oito quilómetros a sul da vila, aponta para uma continuidade de
ocupação visigoda neste espaço originalmente romano.
A presença islâmica em
Alcoutim ficou registada não só na toponímia, como também numa centena de
sítios identificados até ao momento. A conquista cristã teve lugar no reinado
de D. Sancho II e terá ocorrido entre 1238, ano em que foi conquista Mértola, e
1239, ano da conquista de Ayamonte. O foral, concedido por D. Dinis, data de 9
de Janeiro de 1304 e viria a ser reformado por D. Manuel em 20 de Março de
1520.
Nos finais do séc. XV,
Alcoutim tornou-se num condado dos marqueses de Vila Real. A família Meneses,
que deu origem a diversos governadores de Ceuta, manteve este condado de
Alcoutim até ao séc. XVII, quando os seus bens foram integrados na casa do
infantado.
A verdade é que a
constituição de Alcoutim não pode ser distanciada da sua posição
geoestratégica, comercial e militar. Contudo, depois das lutas liberais do séc.
XIX em que a vila é ocupada pelos miguelistas, Alcoutim acaba por perder essa
posição estratégica e militar e é incorporada nos concelhos vizinhos. O
concelho, reorganizado desde finais do séc. XIX em cinco freguesias,
apresenta-se hoje como um interessante espaço de lazer para apreciadores do
património natural, histórico e cultural.
Jornal do Baixo Guadiana,
Nª 139, Dezembro de 2011, p.25.
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