quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Castro Marim, terra com História


 

 

 

A presença humana em Castro Marim remonta a milhares de anos e, desde então, seu espaço foi sistematicamente ocupado até à contemporaneidade. A sua localização geográfica, nas proximidades da foz do Rio Guadiana, permitiu o estabelecimento de povos oriundos do Mediterrâneo a partir do período orientalizante, ou seja; séculos VIII e VII, a. C. Sabemos, através dos registos arqueológicos e das fontes históricas da antiguidade, que Baesuris (topónimo indígena citado no Itinerário de Antonino Pio para designar Castro Marim na antiguidade) foi ocupada por fenícios, gregos, cartagineses e romanos e que estes povos usaram o Guadiana para estabelecer contactos comerciais com as populações autóctones.

No decurso da conquista cristã, e através da acção de D. Paio Peres Correia e da ordem de Santiago, Castro Marim foi conquistada aos mouros, por volta de 1242. A importância que esta terra veio a ganhar do decorrer do séc. XIII deveu-se, essencialmente, à sua localização estratégica enquanto fronteira política e administrativa com o Reino de Castela e pela sua proximidade a Marrocos. Deste modo, tornou-se imperativa a adopção de uma política de repovoamento que assegurasse a defesa das fronteiras portuguesas. É neste sentido, que Castro Marim veio a usufruir dos necessários privilégios concedidos por D. Afonso III, nomeadamente com a construção do castelo em 1274, que acolheu a primeira sede da Ordem de Cristo, em 1319, já durante o reinado de D. Dinis. No entanto, alguns anos depois, em 1356, a ordem foi transferida para Tomar, pelo que a sua população voltou a reduzir significativamente.

Não obstante a transladação da ordem, a importância defensiva e comercial de Castro Marim manteve-se. É neste contexto que, em 1450, Manuel Pessanha é nomeado por D. Afonso V para guardar e defender os portos do Algarve, inclusive o de Castro Marim. A importância estratégica da terra ao longo do século XV e XVI foi de tal forma que, em 1573, a vila recebeu a visita do Rei D. Sebastião quando este já planeava a conquista de Marrocos. O papel defensivo de Castro Marim acabou por estar sempre presente ao longo de toda a história de Portugal. Esteve presente durante a Guerra da Restauração (1640 - 1668), durante a Guerra das Laranjas (1801) ou mesmo durante as invasões francesas (1808). Dadas as circunstâncias, nunca é tarde para relembrar a dívida histórica que Portugal tem para com Castro Marim.

 

Jornal do Baixo Guadiana, Nª 140, Janeiro de 2012, p.24.

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